Estamos vendo desde o bimestre passado os acontecimentos que determinaram grande parte da forma como vivemos hoje. O “longo século XIX”, que se inicia na Revolução Francesa em 1789 – um marco da chegada da burguesia ao poder -, passa pelo Congresso de Viena, pelas Ondas Liberais, pelas unificações, italiana e alemã, e tem seu fim na Primeira Guerra Mundial, em 1914, mudou o pensamento do homem europeu perante a sociedade, a economia, a política e perante o mundo.
Nessa semana vimos o contexto em que é instalada a unificação alemã. Para isso vimos a influência da Áustria (família Habsburgo) na Europa e as transformações que a atual Alemanha passou até a formação da Confederação dos Estados Germânicos.
ANTECEDENTES:
Para entender a unificação alemã, é necessário voltar um pouquinho no tempo, até mais ou menos o século XVII, XVIII.
Voltamos a Baixa Idade Média, mais especificamente no Reino Franco. É nele que Carlos Magno, divide, através de um tratado – o de Verdum – tal Reino entre seus três filhos. Um dos pedaços abriga a atual Alemanha, e se chama Sacro Império Romano Germânico.
É no fim da Baixa Idade Média que uma família austríaca, chamada Habsburgo, passa a tomar poder. A Áustria apoia o crescimento do comércio, e com o Renascimento Comercial, seguido da transformação do mercantilismo como a principal economia da época – que agora já é a Idade Moderna-, ela expande suas fronteiras. A Europa vira o quintal dos Habsburgos, e o Sacro Império faz parte dele.
A combinação lucrativa de absolutismo e mercantilismo do Sacro Império – e de todos os outros territórios austríacos - é apenas abalada quando uma certa fortaleza é tomada e alguns anos depois um general passa a conquistar territórios Europa afora. Traduzindo, com a Revolução Francesa e a expansão territorial – e toda a ideologia que esta trazia consigo - de Napoleão Bonaparte, o Antigo Regime do Sacro Império se vê em apuros.
Eis que surge, em 1806, uma já esperada guerra entre austríacos, russos e também ingleses, contra as tropas de Napoleão. Rússia e Áustria são derrotadas, e esta última perde o Sacro Império para a França, que é agora a Confederação do Reno.
Após inúmeras conquistas territoriais, Napoleão é derrotado na Rússia com o apoio da Áustria e Prússia e vê seus territórios divididos, no Congresso de Viena, entre as monarquias vencedoras Inglaterra, Áustria, Prússia e Rússia. O ex-Sacro Império e ex- Confederação do Reno é agora a Confederação dos Estados Germânicos, dividida entre Prússia e Áustria.
De volta às mãos da Áustria, o território germânico não é mais o mesmo. Ou melhor, o povo germânico não é mais o mesmo. O pouco tempo de dominação francesa foi suficiente para dar ao povo doses microscópicas do que aquela Revolução de 1789 pregava. Está plantada, portanto, a erva daninha no quintal dos Habsburgos: o sopro de liberalismo.
E o resto veremos nas próximas semanas.
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